De: Bebeto Alvim
-- Nimbo, por que ejetas tanta energia em ti? Pra que tudo isso?
-- Cúmulo, eu preciso do Poder.
-- Poder sobre quem?
-- Ora, sobre os que estão lá embaixo. Apoiada pelos meus aliados - os ululantes ventos, os poderosos e aterradores raios e o ribombar dos trovões - mostrar-lhes-ei o meu Poder.
-- E por que achas que deves fazer tal demonstração de força?
-- Porque eu preciso instigar o meu íntimo, (o meu veneno, sem ele eu não vivo!). De mais a mais, eles são frágeis: física e mentalmente! Não merecem consideração.
-- Se assim o são, deixe-os em Paz.
-- Vá dar a tua voltinha, Cúmulo.
-- Até logo, prima! Qualquer dia, eu volto.
E a Cúmulo se foi, e em Paz! A leve brisa a levou. Em céu azul, transportou-se tal qual algodão no vento. Branquinha e bem meiga. Por entre “brasis!” e mundo afora.
Já a sua desnaturada e cinzenta parenta aprontou: fez descer seus insensatos filhos que, voluptuosamente, em destruidor desejo, na forma de tempestade, desbancaram encostas, transbordaram rios, inundaram planícies. Ainda, invadiram residências de ricos e pobres, mataram animais e abortaram proveitosas colheitas; por isso, espalharam a fome, a miséria e o infortúnio. Permitiram que os rapaces disso se aproveitassem.
Porém esgotou-se.
Algum tempo após, Cúmulo, ainda branquinha e ainda com a doçura de um algodão-doce, encontra a prima, exânime, a soluçar:
-- Prima, ajuda-me, estou sem forças!
E a bondosa nuvenzinha:
-- O que aconteceu?
-- Gastei minhas energias.
-- Em quê?
–- Na minha demonstração de força.
–- Oh, prima! Que pena! Posso te passar algumas reservas minhas.
-- As tuas não satisfarão as minhas necessidades. Elas são muito magnânimas.
E nos “braços” da prima, balbucia em seu estertor:
-- Estou morrendo!
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