terça-feira, 27 de janeiro de 2009

TEATRO A CÉU ABERTO - NEY MATOGROSSO























NEY MATOGROSSO E A MAGIA DA ARTE

 

Estaria eu a sonhar?

Não! Por certo, não.

Lá estava ele.

Com seus requebros febris, adentra o palco, ao descerrar as cortinas (primeira vez que as vejo em apresentação de praia), em expressivo frenesi.

Minhas netas (três de dez anos) se agitam dentre as minúsculas partículas de ar existentes na multidão, composta de amantes ou descrentes.

Lá estava eu.

A colocar as menininhas nos ombros como se ainda fossem de colo. Assim como o artista, bailava eu de um lado para outro a procurar a melhor forma de vê-lo e fotografá-lo, além de permitir às minhas seguidoras (mulher, nora e netas) melhor comodidade (inexistente).

As alegorias eram variadas e suas transformações também.  O jogo de cores, luzes e fumaças mostrava a capacidade da produção.

Lá estávamos nós.

E ele a cantar, saracotear e enlevar o público com suas transformações.

Para aqueles desavisados de plantão, a apresentação confirma que a arte não tem idade, localidade, religiosidade, sexualidade e etnicidade.

Lá estava o fim.

Não! Não foi um show.

Foi um espetáculo! Teatral! Digno de um Teatro de Manaus ou do Municipal.

Mas foi em Atafona.

 

 

 

sábado, 24 de janeiro de 2009

CARA-DE-PAU











O ébano emerge, triunfante, das águas e areias douradas de ATAFONA.

Quase um cíclope!

Majestoso!

No visual, após o areal e o estuário do Paraíba do Sul, vislumbra-se, ao fundo, o cenário da mítica Ilha da Convivência.

Sobre a efígie:

De onde surgiu?

Das ruínas do mar que tantos insistem em valorizar (como "os titãs”)? Ou trazida pelas águas do lindo rio (como as “iaras”)?

Quem sabe se simplesmente pelas pródigas mãos da Natureza (como “entes”)?

O que importa?

A obra de arte está inserida na mística de ATAFONA.

Onde estaremos, sempre!

 

 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

HISTÓRIA DE AMOR

Era uma vez uma ilha, onde moravam os sentimentos: a Alegria, a Tristeza, a Vaidade, a Sabedoria, o Amor e outros.

Um dia, avisaram para os moradores desta ilha que ela ia ser inundada.

Apavorado, o Amor cuidou para que todos os sentimentos se salvassem: ele então falou:

-- Fujam todos, a ilha vai ser inundada.

Todos correram e pegaram seus barquinhos para irem a um morro bem alto. Só o Amor não se apressou, pois queria ficar um pouco mais com a sua ilha.

Quando já estava se afogando, correu a pedir ajuda.

Estava passando a Riqueza e ele disse:

-- Riqueza, leve-me com você!

Ela respondeu:

-- Não posso, meu barco está cheio de ouro e prata e você não vai caber.

Passou então a Vaidade e ele pediu:

-- Oh, Vaidade! Leve-me com você...

  -- Não posso, você vai sujar o meu barco.

Logo atrás vinha a Tristeza.

-- Tristeza, posso ir com você?

   --Ah! Amor, estou tão triste que prefiro ir sozinha.

Passou a Alegria, mas estava tão alegre que nem ouviu o Amor chamar por ela.

Já desesperado, achando que ia ficar só, o Amor começou a chorar. Então passou um barquinho, onde estava um velhinho que lhe falou:

-- Sobe, Amor. Eu levo você.

O Amor ficou radiante de felicidade que até esqueceu-se de perguntar o nome do velhinho. Chegando ao morro onde estavam os sentimentos, ele perguntou à Sabedoria:

-- Sabedoria, quem era o velhinho que me trouxe até aqui?

Ela respondeu:

-- O Tempo.

   -- O Tempo? Mas por que só o Tempo meu trouxe?

Porque só o Tempo é capaz de ajudar e de entender um grande Amor.


(Autor desconhecido)

LEMBRANÇAS DE SÃO JOSÉ DE UBÁ

Intelectual parceiro do Pontal de Atafona, Zé Augusto relembrou sua infância e fez um comentário em uma de minhas matérias, que edito como principal em homenagem à cidade de São José de Ubá, bem como aquele(as) que engrandecem a localidade com seus blogs. 


"Deixo transcrito, para enriquecer o seu blog, um poema talvez tão bonito quanto o do Prof. Osmar Barbosa,de uma temática também "contraditória"(me faltou, no momento um adjetivo melhor).O autor é filho de uma tradicional família de São José de Ubá, meu pai, Ésio Ramos Vieira.


Quem é cativo não ama,
Diz um provérbio popular
Mas eu... eu sou cativo de uma dama
A quem não canso de amar.


Saudações,

José Augusto Ramos Vieira

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A FORÇA DA LETRA E DA PALAVRA (3)

Esta é uma das histórias que estou escrevendo sobre "causos" relembrados dos botequins. Deveria preceder algumas postagens e acompanhar o título. Entender o que é frear é pra qualquer um? Grande e dileto parceiro. Tenho permissão!


FREIA, EVANIR, FREIA!

 

            Evanir Ribeiro é aposentado da Escola Técnica Federal (Campos) e, como nós, também gosta de tomar uns goles, o que o faz comparecendo aos botequins de carro e com a indefectível música de Roberto Carlos - troca de carro, mas não troca de toca-fitas (ainda!?), para curtir os vários cassetes do cantor.

            -- Lá vem ele! diz um dos freqüentadores assíduos do Tony’s Bar. Será que ele está ouvindo o Roberto Carlos?

                -- Ah! Isso é batata! parafraseia um outro.

            Manobra o veículo para entrar de ré, após mirar bem o espaço que escolheu para estacionar. Apaga o motor, abre a porta e, antes de desligar o aparelho, aumenta o som dando uma sacada com o olhar para todos, como a exigir a nossa atenção (repete o ritual todas as vezes).

            Aí, acontece o inesperado: abstraído com o deleite da música, não se apercebe que o carro começa a descer em direção a um veículo que estava logo atrás.

            -- Freia, Evanir, freia! começamos a gritar para avisá-lo.

                -- Evanir, olha o freio de mão! Usa o freio de mão! berra outro.

            E ele não se faz de rogado. Aproveitando a porta já aberta e demonstrando uma falsa agilidade, pula para fora, vai até a traseira do carro e o segura com ambas as mãos.

            Funcionou, pois o carro parou. Ocorreu, porém, um impasse: se ele o solta, ele bate; se ele não solta, ele não bebe!

            Impassíveis, os demais só se movimentaram para apostar quanto tempo ele ia agüentar: segurando o carro ou sem beber.

            Maldade! 




Evanir demonstrando como funciona o freio de mão do seu carro

ACORDO ORTOGRÁFICO-COMO SERÁ DAQUI PRA FRENTE(ELIDA KRONIG)

Uma professora de português pediu à amiga escritora que criasse um conto ou crônica utilizando as novas regras ortográficas para trabalhar com seus alunos adolescentes. A escritora, depois de muito relutar, acabou cedendo aos insistentes apelos da amiga.

No dia da apresentação da aula, os alunos estavam mais dispersos que o normal. A professora chegou a pensar em mudar o tópico, mas as férias estavam chegando e a matéria andava atrasada. 

 
 
A professora notou que aos poucos seus alunos participavam da aula, fazendo comentários ou complementando alguma parte do texto. Durante as aulas que vieram depois, surgia um comentário ou outro que trazia a crônica novamente à baila, que era rapidamente integrada à matéria do dia. A turma evoluiu. As provas mostraram que as novas regras ortográficas foram bem assimiladas pela turma, que obteve a melhor média de notas da escola. Outra professora resolveu utilizar a crônica em outra escola. O resultado foi animador. 

   

A crônica 

“Como será daqui pra frente?”

    De: Elida Kronig 

 

“ Estive vendo as novas regras da ortografia. Na verdade, já tinha esbarrado com elas trilhares de vezes, mas apenas hoje que as danadas receberam uma educada atenção de minha parte. Devo confessar que não foi uma ação espontânea. Que eu me lembre, desde o ano retrasado que uma amiga me enche o saco para escrever a respeito. O faço com a esperança de que diminua o volume de e-mails e torpedos que ela me envia. Em suma, que as novas regras ortográficas a mantenham sossegada por um bom tempo.

 Cai o trema! Aliás, não cai... Dá uma tombadinha. Linguiça e pinguim ficam feios sem ele, mas quantas pessoas conhecemos que utilizavam o trema a que eles tinham direito? Essa espécie de "enfeiação" já vinha sendo adotada por 98% da população brasileira. Resumindo,continua tudo como está.

 Alfabeto com 26 letras? O K e o W são moleza para qualquer internauta, que convive diariamente com Kb e Web-qualquercoisa. A terceira nova letra de nosso alfabeto tornou-se comum com os animes japoneses, que tem a maioria de seus personagens e termos começando com y. Esta regra tiramos de letra. 

O hífen é outro que tomba mas não cai. Aquele tracinho no meio das vogais, provocando um divórcio entre elas, vai embora. As vogais agora convivem harmoniosamente na mesma palavra.  Auto-escola cansou da briga e passou a ser autoescola, auto-ajuda adotou autoajuda. Agora, pasmem! O que era impossível tornou-se realidade. Contra-indicação, semi-árido e infra-estrutura viraram amantes, mais inseparáveis que nunca. Só assinam contraindicação, semiárido e infraestrutura. Quem será o estraga-prazer a querer afastá-los? Epa! E estraga-prazer, como fica? Deixa eu fazer umas pesquisas básicas pela Internet. Huuummm... Achei! Essas duas palavrinhas vivem ocupadíssimas, cada uma com suas próprias obrigações. Explicam que a sociedade entre elas não passa de uma simples parceria. Nem quiseram se prolongar no assunto. Para deixar isso bem claro, vão manter o traço. Na contra-mão, chega um paraquedista trazendo um paralama, um parachoque e um parabrisa - todos sem tracinho. Joguei tudo no porta-malas pra vender no ferro-velho. O paraquedista com cara de pão de mel ficou nervoso. Só acalmou quando o banhei com água-de-colônia numa banheira de hidromassagem.

Então os nomes compostos não usam mais hífen? Não é bem assim. Os passarinhos continuam com seus nomes: bem-te-vi, beija-flor. As flores também permanecem como estão: mal-me-quer. Por se achar a tal, a couve-flor recusou-se a retirar o tracinho e a delicada erva-doce nem está sabendo do que acontece no mundo do idioma português e vai continuar adotando o tracinho. 

 As cores apelaram com um papo estranho sobre estarem sofrendo discriminações sexuais e conseguiram na justiça, o direito de gozarem com o tracinho. Ficou tudo rosa-choque, vermelho-acobreado, lilás-médio... As donas de casa quando souberam da vitória da comunidade GLS, criaram redes de novenas funcionando por 24hs, para que a feira não se unisse sem cerimônia aos dias da semana. Foram atendidas pelo próprio arcanjo Gabriel que fez uma aparição numa das reuniões, dando ordens ao estilo Tropa de Elite: - Deixe o traço! Deu certo. As irmãs segunda-feira, terça-feira e as demais, mantiveram o hífen.

 Os médicos e militares fizeram um lobby, gastaram uma nota preta pra manter o tracinho. Alegaram que sairia mais caro mudar os receituários e refazer as fardas: médico-cirurgião, tenente-coronel, capitão-do-mar. Uma pequena pausa para a cultura, ocasionada pelo trauma de ler muitas pérolas do Enem e Vestibular. Só por precaução... 

Almirante Barroso não tem tracinho. Assim era chamado Francisco Manuel Barroso da Silva. Sim, o cara era militar da Marinha Imperial. Foi ele quem conduziu a Armada Brasileira à vitória na Batalha do Riachuelo, durante a Guerra da Tríplice Aliança. No centro do Rio de Janeiro há uma avenida com seu nome (Av. Almirante Barroso). Na praia do Flamengo, há um monumento, obra do escultor Correia Lima, em cuja base se encontram os seus restos mortais. Fim da pausa!  
 
Acho que algumas regras pra este tracinho, até que simpático, foram criadas por algum carioca apaixonado. Será que Thiago Velloso e André Delacerda tiveram alguma participação nas novas regras? O R no início das palavras vira RR na boca do carioca. Não pronunciamos R (como em papiro, aresta e arara), pronunciamos RR (como em ferro, arraso e arremate). Falamos rroldana e não roldana, rrodopio e não rodopio, rrebola e não rebola. Pois bem, numa das tombadas do hífen, o R dobra e deixa algumas palavras com jeito carioca de ser: autorretrato, antirreligioso, suprarrenal. Será fácil lembrar desta regra. Se a palavra antes do tracinho (nem vou falar em prefixo) terminar com vogal e a palavra seguinte começar com R é só lembrar dos simpáticos e adoráveis cariocas.  
 
Mais uma coisinha: a regra também vale para o S. Fico até sem graça de comentar isso, pois todos sabemos que o S é um invejoso que gosta de imitar o R em tudo. Ante-sala vira antessala, extra-seco vira extrasseco e por aí vai... 

Quem segurou mesmo o hífen, sem deixá-lo cair, foram os sufixos terminados em R, que acompanham outra palavra iniciada com R, como em inter-regional e hiper-realista. Estes tracinhos continuarão a infernizar os cariocas. O pré-natal esteve tão feliz, rindo o tempo todo com o pós-parto de uma camela pré-histórica que ninguém teve coragem de tocar no tracinho deles. 

Já o pró - um chato por natureza, foi completamente ignorado. Só assim manteve o tracinho: pró-labore, pró-desmatamento.

 A vogal e o h não chegaram a nenhum acordo, mesmo com anos de terapia. Permanecem de cara virada um pro outro: anti-higiênico, anti-herói, anti-horário. Estou começando a achar que as vogais são semi-hostis com as consoantes... O interessante é que as vogais quando estão próximas umas das outras, não tem essa de arquiinimigas. Fizeram lipo juntas e conquistaram uma silhueta antiinflacionária de microorganismo. Sumiram todos os tracinhos, notaram? Vogal-vogal, com as novas regras ficam magrinhas: microondas, antiibérico, antiinflamatório, extraescolar...  Uma inovação interessante: - Podem esquecer o mixto, ele foi sumariamente despedido. Puseram o misto no lugar dele.

 Fiquei bolada com essa exceção: o prefixo co não usa mais hífen. Seguiu os exemplos de cooperação e coordenado, que sempre estiveram juntas. Não estou me lembrando no momento, de nenhuma palavra que use co com tracinho. Será que sempre escrevi errado? Quem diria que o créu suplantaria a ideia!? Teremos que nos acostumar com as ideias heroicas sem o acento agudo. Rasparam também o acento da pobre coitada da jiboia. O acento do créu continua porque tem o U logo depois. Pelo menos a assembleia perdeu alguma coisa... 

Resta o consolo em saber que continuamos vivendo tendo um belíssimo céu como chapéu.

  

Trabalho apresentado pelos alunos da 7ª série, turma 703:  Renata, Marcela, William, Yasmine e Jeffrei. Professora: Cecília. Semana da Língua Portuguesa. Colégio Bom Pastor. junho/2008

 
 Crônica aplicada pelas professoras Maria Helena e Cecília com sucesso aos alunos das turmas do

- Centro Comunitário Meninos de Deus

- Jardim Escola João Vicente

- Colégio Bom Pastor

- Colégio Prof. Francisco Barros

- Centro Educacional Bom Saber

e tem sido um valioso auxiliar nas palestras e seminários de atualização da Língua Portuguesa.

 
 (Esta foi a maneira que encontramos de homenagear a escritora Elida Kronig, por ter tornado a matéria mais fácil pra gente.)

 

Os miracemenses fautores da cultura da "TERRINHA" devem cuidar para que o "Baú do Marcelino", que hoje se cala, não fique "fechado". O seu conteúdo é bastante para mostrar a riqueza da capacidade do seu mentor.



“Eu só queria dormir!”

Porém os fantasmas voltaram a atacar.

Na verdade, eles não “atacam”, apenas visitam os que para eles foram importantes. E como são agradáveis as suas aparições!

Certa vez, comentei com familiares sobre eles. Uma sobrinha, assustada, perguntou aflita: lá, em Atafona, tem fantasmas? – Não é bem assim! Disse-lhe. E contei um caso: “Panela de pressão, água, feijão e carne-seca – ingredientes certos para acompanhar a cerveja do domingo porvir. Isso, em torno da meia-noite. Encosto a ver um documentário enquanto espero o cozimento. No meu sonho, surge o Orlando Mercante da Cunha, meu cunhado (falecido uns quinze dias antes) , que diz que eu o abandonei e que vai embora. Eu retruquei e me levantei para agarrá-lo e não deixá-lo ir de novo. Na solidão da minha casa, as brumas pareciam tomar conta. Nada disso: era fumaça vinda da panela que, avermelhada, ensejava um desastre. Seu pai me salvou, Luciana!”

Hoje, além dos antigos, que povoam e rondam minhas cercanias e meus devaneios, infelizmente, surgiu mais um.

E olha que eu tentei escrever pra ele (o rascunho está na minha mente).

Esse, o mais recente, é bem novo - apareceu de ontem para hoje.

É meu “velho” conhecido. Nascemos no mesmo lugar e na mesma época.

Gostávamos de algumas coisas comuns. Nem todas. Nem mesmo os mesmos lugares.

Não trilhamos os mesmos caminhos.

Mas, gostávamos de algumas coisas comuns.

A literatura, que nos transporta ao saber e à cultura, era uma delas.

Eu fiz pouco por ela – talvez por deficiência de capacidade, talvez pela premência da necessidade.

Fui um burocrata de plantão, enquanto ele era de opção.

Fez bonito. Resgatou memórias, fez até jornal.

“Eu só queria dormir!”

Dormir após visitar meus lindos blogs miracemenses. Após “falar” com Da. Ricarda, Angeline, Sandra Valeriote, Adilson e curtir o site do meu irmão, André Xoxô.

Mas, eis que o destino (sempre ele!) aparece e muda o curso da História.

E lá está o que eu torcia para não ler!

“Ele se foi!”

Pena! “Eu perdi, tu perdeste, todos perderam.”

Dói em mim saber que não tive a oportunidade de, com ele, trocar informações depois da libertação dos grilhões da alienação econômica.

Dói em mim saber que ele ainda tinha muita vontade de dar de si.

Dói em mim saber que o destino nem sempre é justo.

Desculpem-me aqueles que acreditam que o destino é sempre um desígnio divino.

Meu lamento ao Sr. Reinaldo Tostes e à Da. Ana Alvim, bem como aos demais familiares e amigos.

“Marcelininho, cuidaremos do seu “Baú”!

Beijos e abraços,

Bebeto Alvim.

“Eu só queria dormir!”

A FORÇA DA LETRA E DA PALAVRA (2)

UMA FUGAZ HISTÓRIA DE MIRACEMA

 

 

         O professor Osmar Barbosa (lexicólogo, gramático, escritor e poeta), com quem tive, ainda criança, a honra e o prazer de dividir a rua Dr. Temístocles, em Miracema-RJ, é autor de uma invejável obra literária no Brasil, com vários livros publicados em várias editoras (a Ediouro é uma delas). Enquanto lecionava na pequena, pacata e interessante Miracema, publicou dois livros de bolso de poesia, editados na Gráfica Normalista:Para as mãos de meu amor Eis aqui meu coração (não constantes de catálogos, infelizmente).

          Foi na ocasião que o Mestre criou, com toda a sua sapiência, esta maravilha de trova:

Saudade mata é verdade

Mas desta morte me esquivo

Como morrer de saudade 

Se é de saudade que vivo

         Embora embevecidos com a beleza da criação, os “interpretadores-de-texto” de plantão logo se arvoram a vaticinar:

“Quis dizer de uma amada sua que partiu para cima e ele a enleva com versos encimados por palavra que somente existe no português do Brasil”

          E vão por aí as demais interpretações; todas, porém, referem-se ao título como sendo o sentimento abstrato de profundo pesar de perda.

          Mal sabem eles, entretanto, da grande verdade, testemunhada, inclusive, pelo meu dileto amigo e conterrâneo, Adilson Dutra (também mestre da palavra e que, à época, trabalhava na gráfica, ainda existente):

          Existia uma fabriqueta de xaropes para refrescos e de bebidas alcoólicas destiladas, de propriedade do Saliba Felix. O professor, talvez em busca de inspiração ou de simples relaxamento, se aventurava em algumas oportunidades na degustação de alguns goles da cachaça fabricada pelo amigo Saliba.

          Pasmem, aí, os “interpretadores”!...

          A simples, comovente e bonitinha trovinha não queria se referir à SAUDADE abstrata e sim à concreta e saborosa pinga do alambique do Saliba, que se chamava... SAUDADE! 

Cachaça mata é verdade

Mas desta morte me esquivo

Como morrer de cachaça

Se é de cachaça que vivo

(Interpetação correta da trova)

A FORÇA DA LETRA E DA PALAVRA (1)

EU TENHO VALOR

 

          Apxsar dx minha máquina dx xscrxvxr sxr um modxlo antigo, funciona bxm, xxcxção dx uma txcla. Há 42 txclas qux funcionam bxm, mxnos uma, x isso faz grandx difxrxnça.

          Txmos o cuidado para qux nossa xquipx não sxja como xssa máquina dx xscrxvxr x todos os sxus mxmbros trabalham como dxvxm.

          Ningux´m txm o dirxito dx pxnsar: afinal, sou apxnas uma pxssoa x sxm dúvida não fará difxrxnça para o nosso grupo.

          Comprxxdxmos qux, para um grupo progrxdir xficixntxmxntx, prxcisa da participação ativa dx todos os sxus mxmbros.

          Sxmprx qux vocx^ pxnsar qux não prxcisam dx vocx^, lxmbrx-sx da minha vxlha máquina dx xscrxvxr x diga a si próprio:

          “Xu sou uma das txclas mais importantxs nas nossas atividadxs x os mxus sxrviços são muito nxcxssários”. 

A FORÇA DA LETRA E DA PALAVRA

O Professor Pasquale nasceu na Itália e muito pequenininho veio ter ao Brasil, onde aprendeu com bastante propriedade o "português brasileiro", o mais bonito, o mais fecundo e o mais sentimental do mundo. Não se cansa ele de elogiar nossos artistas populares que utilizam, em seus textos musicais, teatrais, literários, etc., o vernáculo sob o enfoque "tupiniquim" com infinita versatilidade, clareza e correção. Sintam, por exemplo, a força da letra na súplica de Se eu puder falar com Deus (Gilberto Gil) ou a força da palavra na tragédia de Construção (Chico Buarque). Irretocável emprego dos recursos da língua.

          Por certo, o exercício da leitura é um dos caminhos menos tortuosos em direção à cidadela; entretanto, não se deve descuidar da escrita, que vem a ser a prática da teoria da leitura. Nada obstante, para se escrever é preciso ter bem mais que o conhecimento do vocabulário: é necessário ter vontade de ler e ter vontade de escrever. Superados esses "traumas", é preciso construir, o que vai exigir técnica. Que me desculpem os pseudos salvadores de uma língua viva, nada agonizante, que acenam com lenços e estandartes para a permanência da era da "interpretação de texto" em detrimento da eficacíssima "Gramática". Sem a organização que a "Santa Gramática" impõe à construção dos períodos, seria o mesmo que jogar as letras e palavras para o alto e gritar: salve-se-quem-puder!; teríamos, com certeza, uma autêntica sopa de letrinhas.

          Leiam e escrevam; depois, leiam o que escreveram: acharão imperfeições. Corrijam-nas e leiam novamente: acharão, ainda, imperfeições. E, assim por diante, acharão imperfeições. Parem e analisem: são decorrentes do rigor gramatical da língua ou da capacidade criativa do ser? Se a resposta recair na primeira premissa, estaremos salvos: é só aprimorar a Gramática (as regras são estáveis); caso, entretanto, a resposta recaia na segunda premissa, estaremos num mar em fúria e sem norte (como interpretar o que cada pessoa quis dizer).

          Passarei, adiante, alguns textos sobre o assunto.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A VIAGEM FINAL (?) DE UM POETA (3)


 Esta á terceira e última (por enquanto) homenagem ao magnífico poeta, que nem tão meu amigo foi, já que divergíamos em locais de frequência. Nada obstante, eu o admirava.
      O que vem a seguir é uma historinha singular:
      Nos idos de 1978, o Banco do Brasil, através do seu Departamento Cultural (bons tempos de pessoas inteligentes e intelectuais buscando a cultura da empresa), cria um folhetim, intitulado BIP-Boletim de Informação ao Pessoal, com o objetivo de trazer informações inúmeras ao seu quadro funcional. Reservava a última das oito páginas a temas livres, escritos por depoentes de histórias inusitadas, curiosas, hilárias e etc., sejam vividas ou vivenciadas por eles, ainda que como ouvintes. Páginas antológicas.
      Lamentável que os "atuais" não saibam sentir tais emoções. Pena deles! Voltemos ao que interessa. Já no seu segundo número, eis que aparece um  "causo" relatado pelo poeta Antonio Roberto. Recordem o episódio aqueles que já o conheciam; os mais novos podem ver que, algum tempo atrás, se fazia "BANCO DO BRASIL" com pessoas e não com números. De qualquer forma, é um deleite.    


DOS RECURSOS DIVERSOS NA ARTE DE COBRAR
(Narrativa enviada pela funcionário Antonio Roberto Fernandes - Campos (RJ) para a seção "História não escrita do Banco do Brasil"

      Por ocasião da reapresentação de um título ao Sr. Ary de Oliveira, residente em Cambuci (RJ), onde não há agência do Banco, o Gerente me sugeriu que fizesse o aviso de cobrança em versos, uma vez que o sacado é conceituado poeta:


Sr. Ary de Oliveira,
somente desta maneira
se pode reapresentar
um título já vencido
a um poeta tão querido
e exímio no versejar.

Da Myrta nos foi chegado
um Título Descontado
que não foi pra Cambuci,
pois cobrança descontada
é coisa de nossa alçada,
por isso ficou aqui.

Este dever nos maltrata
mas venceu a duplicata
no dia sete do seis.
O seu valor não comove:
centavos, setenta e nove;
cruzeiros, dois, oito, três.

A sua atenção pedimos
apenas porque cumprimos
nossas duras instruções.
Dinheiro faz sombra fria
às "Veredas"* da Poesia
mas, que fazer? Saudações!...

(*) O Sr. Ary de Oliveira tem um livro de poesias intitulado "Veredas de Sol".

Resposta do Sr. Ary de Oliveira, uma semana depois

Prezado Antonio Roberto:
Quando o longe se faz perto 
pelas mãos de um nobre amigo,
também me sinto "vencido"
e de atender ao pedido
eximir-me não consigo.

Ocorre um fato, porém:
o senhor conhece bem
a lei que regula o assunto:
um saque será cobrado
só na praça do sacado
(tal entende o meu bestunto).

Não se discute a razão
de nossa legislação,
portanto tal documento
deve ser apresentado,
dentro do prazo, ao sacado,
para aceite e pagamento.

Se tal fato não se deu
e o prazo já prescreveu,
não me culpem da tardança;
a lei bem soube dispor:
cabe sempre ao sacador
qualquer ônus da cobrança.

Só soube recentemente
que o seu digno Gerente
é amigo de longa data;
em face a tal amizade,
removo a dificuldade
liquidando a duplicata.

Deve convir à Gerência
(e prima pela evidência):
se não causei a demora
não me fiz impontual.
Pagarei o capital
mas não os juros de mora!...

(E pagou).
  

A BRIGA COM O BLOG

Que briga! Briga bonita, com certeza! Eu e o blog. Eu tinha certeza dos dados, já que tinha frustradas duas tentativas de criação de blog. Essa, eu dizia: não perco. E perdi - pelo menos, tempo. Parti para resgatar, escrevendo e tentando com todos os recursos ao meu alcance. Desisti. Vou criar outro - parecido! No meio de tudo, eis que me surge, inusitadamente, a opção de postar novamente no mesmo blog. Arre! Não entendi e também não confio que vai dar certo. Veremos!