quarta-feira, 3 de abril de 2013

UM PEQUENO PAPO ENTRE AVÔ E NETO





"Hoje acordei com uma saudade de você!
Saudade de nossas conversas, que mesmo breves, tenho frescas em minha memória. 
Lendo seu blog pude "viajar" um pouco com você. Por que parou?

"Atafona de encanto, moinho de luz!
De lindo céu, onde o sol a vida seduz.
De lindo céu, onde a lua a paixão traz.
Atafona de carinho, MOINHO DE PAZ!" 

Hoje entendo muitas de suas escolhas, mesmo sem ter tido oportunidade de conversar sobre as mesmas com você...Talvez por não ter condições de entender na época.
Acho que nunca disse o quanto te admiro, e o quanto gosto de sua companhia.

"E os que dançavam foram considerados loucos por aqueles que não ouviam a música."

Sinto sua falta, um beijo do seu neto que te ama!"


Resposta do vô Bebeto

Hugo,
Grato pelo elogio manifestado em belas, cativantes e emocionantes palavras.
Muitas vezes, nas oportunidades possíveis, deixei de lado a “vidinha certinha” para enveredar pelos caminhos da irreverência.
Participei, com lealdade, de encontros de lazer e criei, com alegria, movimentos inusitados, alguns perpetuados.
Conversei muito com parceiros; deveria tê-lo feito também com os de casa. Desculpem-me.
Nunca me descuidei, entretanto, do meu irretorquível lado profissional. Paralelamente, procurei desenvolver sempre o meu lado intelectual.
No final, eu sei que vivi, e como vivi! E deu nisso! Foi bom demais!
Vô Bebeto.

NETO


NETO
Bebeto Alvim
Todo neto é estranho
Nunca cresce
Nasce pequenininho
E fica pequenininho até tornar-se adulto
Mas ainda assim não deixa de ser criança
Lembra a fábula de “Peter Pan
Uma criança que nunca cresceu”
E o avô?
Ora, o avô está naquela fase
“Das Idades do Homem”
Em que volta a ser criança
É bem provável que seja por isso
Que se entende tão bem com o neto
Enche-o de doces e balas proibidos
Protege-o das ralhas da mãe
Dá-lhe brinquedos simples mas cativantes
Leva-o ao lugares que ele deseja ir
Protege-o para ser jogador de futebol
Já rapaz evidencia as suas qualidades
E se põe a dizer:
--Viu!? É o meu neto!
E vai tratar assim o seu neto
Até deixar de ser avô e passar a ser um anjo
Para continuar a “olhar” por seu eterno neto.

Dedicado aos meus nove netos,
Entre meninos e meninas,
Hugo César, Lucas, Eduardo César, Cíntia, Débora, Bruna, Maria Eduarda e Ana Carolina, Heitor
E também ao meu bisneto, Bernardo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O MOINHO, O VAGALUME E O TRAVESSO ARTÍFICE

Era uma vez um camponês praiano que vivia a moer.
Moinho de mão. Pequeno. Eficiente.
Moía grãos, raízes, folhas.
Moía até areia.
Moía também palavras e sonhos.
Num desses últimos, encontra um vagalume, que o incentiva a aumentar sua capacidade de moer.
Acata a idéia e constrói um moinho de vento.
Fortes ventos praieiros. Moinho a moer e a moer. Passa a moer mais e mais palavras, as quais protege como um “Dom Quixote”.
Passa a divulgar palavras e ganha alguns adeptos que também distribuíam palavras.
Empolgado, pesquisa antigas histórias que se passavam num reino outrora rico de artífices de palavras musicadas, onde ele já tinha vivido.
E mói mais palavras que achavam-se guardadas na sua cabeça e que faziam referência a esses artistas.
Porém, um deles, que era um menestrel, não gostou da moedura e reagiu.
E quebrou a corrente.
O camponês praiano resolveu voltar ao seu moinho e moer ainda mais suas palavras, até triturá-las bem para que não fossem vistos grumos como os apresentados na cantilena do travesso artífice.

Qualquer semelhança ...???


Bebeto Alvim.

ALGUÉM LÁ EM CIMA NÃO GOSTA DE MIM

Na verdade, não olho pra cima. Nem pra baixo.
Olho em direção ao que a minha mente determina. Não importam as laterais (que seriam os infortúnios, talvez?) e sim a reta que, creio, levar-me até o objetivo a alcançar.
Entretanto, passei, por certo, na atualidade, por vicissitudes não projetadas e aceitáveis.
O projeto do governo federal “Informática para todos” gerou recursos financeiros para financiar computadores para a população de baixa renda (e também de outras faixas), com tecnologia que não dava credibilidade aos equipamentos.
O governo estadual proveu algumas instituições com tais equipamentos. Não todas. E nem toda a população do estado se beneficiou de algum beneplácito.
E o governo municipal: como se fez presente? Bom! Pelo menos, o de São João da Barra iniciou o Promil (Projeto de Internet Livre). Funcionou por um ano.
Agora, estamos a ver navios. O que, aliás, é assaz prazeroso. Não que passem navios; mas pequenos barcos, com pescadores conhecidos, valem à pena. Longe da máquina da modernidade e mais perto da rusticidade. Deles, sugo seu conhecimento e simplicidade no tratar. Tudo me deixa à mercê do deleite do mero esmero.
Meu ‘lula’ deu problemas. Comprei um notebook que tive a infelicidade de quebrar o display. Consertados os dois, a internet livre nos aprisionou. O técnico largou o ´projeto' e remontou a sua antiga rede (???). Lhufas!
As ‘lan-house’ não conseguiram me atender. Seus sistemas somente permitiam postagens em cinco línguas que, provavelmente, ninguém conhece. Parecem ser lá do Tibete, da Patagônia ou da Cochinchina.
Eu podia me curvar à assinatura da telefonia fixa (argh!), já que a acessibilidade móvel ainda está de nós distante.
Diante de tudo, nada me restou senão o escárnio da proposição dos três governos.
E lá fui eu a conversar, a ler e a escrever.
Sem a esperança de publicar nada rede. Alguma coisa aproveitarei para o meu livro.
Mas eu ainda tinha e tenho ‘coisas’ para contar fora dele. Que pena!
Vou continuar tentando.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

CLAREANDO O "TRAVESSO" TRAVASSOS

De certas situações, tenho mais lembranças do que esquecimento.

Muitas lembranças.

Algumas, por certo, são indeléveis.

As lembranças ficam gravadas pela força do impacto em sua pessoa: moral, físico, econômico, sentimental ou intelectual.

Uma das melhores fases da minha existência foi a minha adolescência, principalmente porque a vivi na década de sessenta, que modificou o comportamento de todo jovem para sempre.

Após a inferência de James Dean e Elvis Presley, do rock e do twist, a efervescência da rebeldia do jovem evoluía com a beatlemania, com a mini-saia criada pela Mary Quant e com o movimento hippie.

Chegaram os festivais.

E com eles, inovações reais ou supostas.

Quem não se lembra do Toni Tornado com “BR-3”, ou do Walter Franco com “Cabeça”. Vaias, violão quebrado (Sérgio Ricardo), abandono de palco foram algumas nuances dos certames.

Aí, Miracema entra em cena.

Em 1969, eu trabalhava na Tipografia Souza (do Sr. Neguinho). Lá, eu confeccionei o livreto do I Festival Estudantil da Música Popular Brasileira de Miracema (formato 32, papel AP-16, capa em cartão AG-24 verde). Bem simples. Ainda sem logotipo. Pode-se ver uma de suas páginas em postagem do meu primo, Gilson, no blog “O Vagalume”.

O festival teve como vencedor o poeta e compositor miracemense Carlos Gualter com a música “Cores Vivas”, defendida pela magnífica intérprete e crooner Zilda Santos (também miracemense).

Em 1970, já de volta à Gráfica Normalista (onde iniciei minha carreira de tipógrafo), compus e imprimi o livreto do II Festival... (formato 18, papel AP-16, capa em papel cuchê (luxo). Já trazia o logotipo da viola com a sigla (os traços da ideação constam dos registros do meu primo, Gilson, cujas imagens foram publicadas no blog “O Vagalume”; a arte final parece-me ter sido perpetrada pelo Dauto Schueler).

Em seu intróito, trazia um pequeno texto escrito pela Professora Oraide Alves da Silva, que iniciava-se assim: “Como sói acontecer nos lídimos anseios que a lira de Euterpe à musa inspirou, Miracema fará realizar...”. A seguir, fazia o convite para o festival. (Que pena que eu não sei se alguém preservou esse documento).

A confecção desse livreto me marcou muito.

A diretoria do Grêmio Estudantil Alberto de Oliveira, vinculado ao Colégio Nossa Senhora das Graças (hoje cenecista), autorizou o Josemar Poly alterar a letra de uma sua música, a fim de evitar cacofonia – de “Espero da vida nada” para “Espero nada da vida”. No dia seguinte, o Carlinhos Gualter nos solicita (também para evitar cacofonia) alterar o refrão de uma de suas duas músicas inscritas e classificadas para as finais: de “Como ela é bela – Como ela é rosa – Coitada, é passageira – Pois ela é rosa” para “Ela é bela – Ela é rosa – Coitada, é passageira – Pois ela é rosa”. Não titubeei e alterei, por coerência. Estava já a imprimir essa página (mais ou menos, seiscentas e poucas, de um total de mil) quando o balcão é invadido pelos organizadores a questionar o nosso procedimento – não poderíamos ter alterado sem a autorização de um de seus representantes, sob a alegação de que as letras já tinham passado pela censura (naquele tempo, imperava o militarismo). De um dia para outro a “Censura” mudou?

Discussões, polêmicas e interpretações alternadas. Veio o meu tio Gerson (pai do Gilson – tinha uma loja contígua à gráfica), o professor de português (Sr. Ulisses), o diretor do ginásio, o padre com a bíblia, o banqueiro com um milhão (Chico? (de Geny); só não veio o juiz de direito porque não morava ali – nem o gerente do Banco do Brasil porque ainda não tinha agência lá.

Eu, com meus dezoito anos, pressionado pela turba enfurecida de alguns verdadeiros e outros supostos intelectuais, capitulei; joguei fora os papéis já impressos, dizendo ao gerente para descontar do meu salário, enquanto vociferava: “Vocês vão fazer “Apostasia” ganhar o festival - hipocrisia não faz parte do meu dicionário”. Perplexos, os meus interlocutores (?) arregalavam os olhos a me interrogar. Não mais os olhei e nem mais os ouvi.

Chega o capítulo final.

A preferência do público recaía na outra música do “Cumpade Carlim Gualter” – “Casa de Poeta” – defendida pelo brilhante Eraldo Leite (no dia seguinte, domingo, comentava com o Flávio Cavalcanti sobre a qualidade do festival, encantado, assim como alguns dos jurados que lá estiveram a julgar).

Por dois motivos:

Primeiro: A música “Casa de Poeta” foi inspirada em fatos reais vividos pelo seu autor. Ele gostava de uma mulata... que acabou sendo arrebatada pelo poderio econômico de um comerciante local (eu a conheci já numa fase em que ela não estava tão airosa). Mas ele... ele passou a viver nas madrugadas da cidade, a compor em versos as suas agruras. A canção começava assim: “Casa de poeta – Violão na sala – Flores na jarra – Cantor, pastor da madrugada”. E terminava assim; “Foge da faustosa gaiola – Do olhar que te prendeu – Liberta-te, pássaro cativo”. Ao final da apresentação da música, ele desvenda o mistério do que parecia ser uma caixa de pandora, encoberta por um pano verde, dela retirando uma pomba branca e a solta para revoar o grande recinto do Cine XV. Todo o público, de pé, aplaudia. Um dos momentos mais lindos e sublimes que vivenciei.

Segundo: A música do Raul foi mal interpretada. Justifica-se tal julgamento pela época em que foi criada. Era uma composição futurista, tida como “de laboratório”. Rebuscada. Talvez influenciada pelo movimento hippie. Trazia um título que muita gente até hoje não sabe o que significa. O que mais “pegou”, porém, foi a representação cênica que imprimiram na execução da apresentação: palco cheio, luzes apagadas; a fumaça do incenso (daqueles de igrejas) fantasmava as imagens do projetor de slides, que alternava fotos de “madona” e de “mulheres nuas”. Talvez o público não estivesse preparado para tal espetáculo. Talvez tenha sido considerado afronta à religiosidade ou heresia.

Conclusão: Com o resultado dos jurados, para muitos, inusitado, com “Apostasia” em 1º lugar e “Casa de Poeta” em 2º, as vaias aconteceram. Poder-se-ia dizer que foram injustificadas, mas foram inevitáveis.

A capacidade técnica e intelectual do Raul o levou à TV Globo, onde pudemos ver seu nome nos créditos de vários programas.

Finalizando, ao tempo em que desejo ao Raul Travassos do Carmo sorte e que continue com seu sucesso, tenho a dizer que resolvi rememorar fatos da época motivado por um comentário por ele postado no blog “O Vagalume”, da miracemense Angeline. A meu ver, fazia-se necessário prestar mais informações para correção ou esclarecimentos acerca de três pontos:

1. O festival por ele vencido foi efetivamente o segundo;

2. As vaias realmente ocorreram, justificadas ou não, pelos motivos acima expostos; e

3. Não sei se por erro de digitação ou não, ele cita que a “Pinga” partiu sem pedir licença. Quero crer que ele teve a intenção de fazer referência à “Pingo – Eleonora de Martino Salim (filha do nosso venerável Joffre Geraldo Salim), que há alguns anos foi a segunda pessoa mais poderosa do Brasil na mídia, ao movimentar os milhões da PETROBRÁS na área publicitária (vide anais d’O GLOBO).

Os fatos são evidentes e imutáveis. Não fazem parte da minha verdade e sim da verdade. Com respeito a todos os personagens, eu os divulgo.

O DINHO NÃO MORREU!

Miracema perdeu o Dinho!

Não! Miracema não perdeu o Dinho!

Quem perdeu o Dinho não foi Miracema. Na verdade, quem o perdeu, em pessoa, foi a sua família - e também seus colegas, parceiros e amigos.

A adversidade o enfraqueceu fisicamente, mas nunca espiritual ou mentalmente.

Ainda fez.

Miracema perdeu mais que a sua pessoa.

Perdeu o seu dom, o seu intelecto, a magia da sua arte. Espera-se que esta fique imortalizada nos anais da cidade. Que começou bem por levá-lo à AML. A Academia, por certo, irá preservar sua obra, para nossa alegria e conforto.

Miracema já teve vários personagens em diversas áreas que se tornaram celebridades. Alguns até extrapolando as divisas do País.

Tem e terá, com certeza, novos nomes a enternecer nossos sentimentos e a enaltecer a “Terrinha”.

No momento, porém, tenta-se absorver o impacto negativo de uma perda considerável. E que perda!

O Dinho deixará choro pela sua ausência.

Nada obstante, não me lembro dele triste.

Pelo contrário... sua serenidade, seu sorriso e sua polidez no tratamento deixaram marcas gratificantes em nossa memória.

Não! Miracema não perdeu o Dinho!

Ele foi buscar novas inspirações.

Será como o Elvis.

“O Dinho não morreu.”