quarta-feira, 30 de setembro de 2009

MIRACEMA DE ONTEM E DE HOJE - MARATONISTAS INUSITADOS








-- Eles estão vindo. Vamos pegá-los.

-- Ainda não! Deixem eles chegarem mais perto.

-- Mas, Doutor...

-- Eu já disse: vamos esperar. A surpresa é uma arma sempre poderosa.

-- E se eles...

-- Quieto. Eles estão chegando.

Cinco minutos atrás (como nos bons filmes de suspense):

Às portas fechadas do bar do Vavate, após várias inúteis partidas de sinuca e doses sempre úteis de destiladas, era possível, ainda, ouvir o vozerio dos profissionais pinguços de Miracema, liderados pelo Duduca do Alberto Richa e César do Erotides:

-- Quem topa?

-- Quanto vale?

-- Um litro de “Maravilhosa”. Ou de “Guarda-chuva de Pobre”.

-- Confere.

Roupas dobradas nas soleiras do já sonolento bar, eles, todos (oito), desnudos, estavam a apostar corrida pela rua até o Jardim e voltar ao ponto onde se encontravam.

Lá se foram eles. Algumas coisas balançavam. Às duas horas da madrugada, entretanto, a Rua Direita já dormia e ninguém testemunhava.

E voltaram.

Só que na volta...

Acabaram-se os cinco minutos atrás (como nos bons filmes de suspense):

-- Doutor...

--Cale-se! Eles já estão em nossas mãos. Prenda-os.

-- Doutor Expedito, nada fizemos de mal. Estávamos até a praticar uma atividade física.

-- Vão praticá-la melhor na Delegacia. Pessoal: leve-os.

-- Doutor, e nossas roupas?

-- Ora, se vocês delas se abdicaram para a corrida e porque delas não precisam. Vão do jeito que estão.

E lá vai indo a procissão. Sem círio e sem ladainha. O Delegado à frente, um batalhão de pelados (sem saber onde botar a mão) e alguns fardados soldados a carregar as trouxas (de roupas) dos infelizes “maratonistas”.

Ao curvar o final da Rua Direita (que se dá lá pela rodoviária) para a Irineu Sodré, a mente maquiavélica do cachaça está a meditar: “o que vou fazer – preciso bolar alguma coisa, pois, passar a noite enjaulado é o que eu não quero” .

A dez metros da Delegacia, o César Linhares “voa” sobre o balaústre da ponte sobre o Ribeirão Santo Antônio e, das águas, naqueles tempos ainda profusas, desafia o Doutor, que vocifera:“Primo, você não pode fazer isso comigo!” Ao que responde o suposto (mas nem tanto) suicida:“Se você é meu primo, por que me está a me prender?”

O Delegado, já destemperado, determina: “Saiam das minhas vistas e nem pensem em entrar na minha Delegacia. Vocês serão capazes de aprontar alguma pior e complicar minha vida. Pessoal! Devolvam as roupas desses loucos e mande-nos embora. Já!”

O que esses olhos (paralelepípedos) já viram, heim!

PS: Será que o “cara” não escorregou no primeiro quebra-molas de Miracema?

MORAL: Não vou mais pedir um paralelepípedo; mas deixarei no ar – Miracemenses: provavelmente, vocês terão um “tachão” no asfalto das suas vidas.

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