terça-feira, 6 de outubro de 2009

MIRACEMA DE ONTEM E DE HOJE - UM AMOR DENTRO DE UM CARRINHO DE MÃO







Defronte ao Hotel Braga (na curvinha), o “Nefá” (Nafaa Murched El Khoury) tinha sua loja de material de construção e assimilados. Tinha até “carrinho de mão”. Eu já trabalhava no Hospital. Eu e minha irmã Neuza Maria. Controlávamos e pagávamos as contas. Inclusive as feitas naquela loja. Até aí tudo bem não fosse o Joel de Oliveira, na virada de 1971 para 1972 (ele estava lá desde que... não sei!).

Normalmente, o Provedor, Dr. Salim Bou-Issa, tinha as pessoas de sua confiança que faziam as compras. Surpreendeu-me a determinação da compra de um “carrinho de mão”??? (já existiam carrinhos por lá).

Lógico, que eu não iria questionar. Entretanto, sapiente e de grande tirocínio, ele observa a minha curiosidade e diz para eu ir àquela loja e pagar à vista e diretamente ao dono, a quem eu conhecia bem.

Lá chegando, efetuo o pagamento contra recibo; ameaço sair, mas... desfiro ao Nefá um olhar sem graça mas... inquisitivo... Ele, que, também, não era nada “bobo”, coça a cabeça, esboça um sorriso diferente e “me sai com essa”:

“Sabe o que é, Bebeto. Eu fui falar com o Salim que o Joel, todos os dias, após fazer seus mandados, ficava a conversar com o carrinho de mão, que estava ali, na calçada. E eu comecei a prestar atenção no que ele dizia:

--Você é lindo!

--Você ainda vai ser meu!

--Você pode me ajudar a trazer leite das vacas para a Cooperativa!

--Eu até durmo junto com você!

--Não vá embora, não! Eu volto amanhã!

“Após beijos e abraços, lá se ia ele, para voltar no dia seguinte. O Salim se comoveu!”

E eu também! Ao chegar de volta ao Hospital, procuro o Joel e lhe dou um abraço bem apertado. Até o final do ano passado, ele ainda estava lá (eu o procurei e o abracei novamente).

Que bom que as criaturas tivessem esse amor pelos objetos.

Quantas coisas esses olhos de paralelepípedos já viram, não?

MORAL: Não vou mais pedir um paralelepípedo; mas deixarei no ar: Miracemenses: provavelmente, vocês terão vários “tachões” no asfalto das suas vidas.

Um comentário:

  1. Eu também vi o Joel em Setembro do ano passado lá no Hospital... quanto tempo !!!!
    Fui lá e me deu uma saudade danada daquele tempo (1976/1977) que trabalhei por lá logo após formado...
    Estávamos, praticamente, iniciando os trabalhos daquele laboratório... Eu, Antonio de Pádua, Zé Augusto (um pouco) e o Vicente...
    Tudo passa...

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