PONTAL
Antônio Roberto Fernandes
Atafona. Fim do mundo.
Final da linha... Pontal.
Atafona, assim é o mundo,
assim é a vida, afinal.
Tudo aquilo que começa
um dia tem que acabar.
Pontal, o tempo não pára
e nem consegue voltar.
Areia branca e macia
sob um céu nem sempre azul.
Pontal, final do caminho
do Paraíba do Sul,
do rio que é tão pequeno
na montanha bandeirante
e vem crescendo e crescendo
e se tornando um gigante
mas hoje, preso em represas,
tão sujo, tão poluído,
seu andar é preguiçoso,
seu canto é mais um gemido.
E nem mesmo onde se lança
na sepultura do mar,
nem mesmo aqui suas águas
podem, enfim, descansar.
pois o mar enfurecido,
talvez pelo rio triste,
como um guerreiro a cavalo,
de espada afiada em riste,
pelo galope das ondas,
em golpes destruidores,
avança contra as pequenas
choupanas dos pescadores
como se fossem culpados
do sofrimento do rio.
Pontal que já foi tão cheio.
Pontal agora vazio.
Pontal de tantas ruínas.
Pontal que já não tem porto.
Pontal que já foi tão vivo.
Pontal agora tão morto.
Pontal que escuta o soluço
do rio na madrugada.
Pontal que já teve tudo.
Pontal que não tem mais nada.
Pontal da areia macia
sob um céu nem sempre azul.
Pontal, pedaço mais triste
do Paraíba do Sul...
Nenhum comentário:
Postar um comentário