segunda-feira, 13 de abril de 2009

ATAFONA É ASSIM





PONTAL

Antônio Roberto Fernandes

Atafona. Fim do mundo.

Final da linha... Pontal.

Atafona, assim é o mundo,

assim é a vida, afinal. 

  

Tudo aquilo que começa

um dia tem que acabar.

Pontal, o tempo não pára

e nem consegue voltar. 
  

Areia branca e macia

sob um céu nem sempre azul.

Pontal, final do caminho

do Paraíba do Sul, 
  

do rio que é tão pequeno

na montanha bandeirante

e vem crescendo e crescendo

e se tornando um gigante 
  

mas hoje, preso em represas,

tão sujo, tão poluído,

seu andar é preguiçoso,

seu canto é mais um gemido. 
  

E nem mesmo onde se lança

na sepultura do mar,

nem mesmo aqui suas águas

podem, enfim, descansar.

  

pois o mar enfurecido,

talvez pelo rio triste,

como um guerreiro a cavalo,

de espada afiada em riste, 

  

pelo galope das ondas,

em golpes destruidores,

avança contra as pequenas

choupanas dos pescadores 
  

como se fossem culpados

do sofrimento do rio.

Pontal que já foi tão cheio.

Pontal agora vazio. 

 

Pontal de tantas ruínas.

Pontal que já não tem porto.

Pontal que já foi tão vivo.

Pontal agora tão morto. 

  

Pontal que escuta o soluço

do rio na madrugada.

Pontal que já teve tudo.

Pontal que não tem mais nada.

  

Pontal da areia macia

sob um céu nem sempre azul.

Pontal, pedaço mais triste

do Paraíba do Sul...

 Foto: José Augusto Vieira

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