sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A VIAGEM FINAL (?) DE UM POETA


ANTÔNIO ROBERTO FERNANDES

22.11.1008 - Passarinho (Extraído de um blog que não vingou - sobre "a virada" de 20 para 21)

O mundo amanhece mais triste. Ou infeliz? Quem dera pudéssemos ter a percepção de um pensador para definir a diferença. Ou a semelhança? Mas, infelizmente para nós, simples mortais, um que mais sabiamente rebuscava os sentimentos e os expunha foi chamado a conceber suas idéias num lugar mais distante, bem, acima de nós. Antônio Roberto Fernandes, fidelense de nascimento, campista de opção, médico de formação, bancário de obrigação e poeta de coração, nos deixou nesta sexta-feira; com isso, tornamo-nos um pouco mais órfãos de cultura (pelo que tanto trabalhou nos últimos anos). Entretanto, deixa, como grande legado, sua pródiga e indelével alma poética. 
A tristeza ou a infelicidade, a que me refiro, é representada, pelo poeta, no lacônico soneto que se segue:

FELICIDADE 
Antônio Roberto Fernandes

Quando eu era feliz e não sabia
(como diz o poeta na canção),
aos meus desejos – sempre com ironia –
o meu destino respondia: NÃO!

E tudo o que eu sonhava, a cada dia,
sempre ficava além da minha mão.
Se era feliz quem tinha o que queria,
eu nunca pude ser feliz então.

Hoje, afogado na realidade,
relembro a minha infância com saudade.
Não por ter sido um tempo em que eu sonhei,

mas porque – ainda envolto em fantasia –
eu não era feliz e “não” sabia,
Como hoje não sou. MAS HOJE EU SEI!

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