TRISTEZA GOITACÁ
Luís Alberto da Mota Alvim (Passarinho) – Torcida Desorganizada Índios do Alambrado – outubro/2008
(Resumo da lenda publicada pelos padres. A. Colbacchini e C. Albisetti, Os Bororós orientais, CEN, Col. Brasiliana-SP-1942, p.218-19)
Os bororos (indígenas do MS) caçavam e pescavam enquanto as mulheres teciam as redes e cuidavam das plantações. Após fracas safras, elas conseguiram uma boa colheita; entretanto, um menino que as acompanhava ousou furtar algumas espigas de milho. Sua avó, a seu pedido, preparou-lhe um delicioso pão, devorado, com avidez, por si e seus companheiros. O receio da descoberta do ato indevido fez com que eles cortassem os braços e a língua da anciã, bem como a do papagaio, além de libertarem os outros animais que lá habitavam. Ainda assim, o temor, que não cessava, levou-os a procurar esconderijo nos céus; para tanto, encomendaram a um colibri que levasse a ponta de um cipó e amarrasse a uma árvore forte no céu. Suas mães, ao chegarem dos campos, viram a corda suspensa e os meninos nela pendurados; decidiram subir atrás dos filhos, que, ainda com medo, cortaram o cipó fazendo-as cair em terra, onde se transformaram em animais e feras. Como castigo, devido à sua monstruosa maldade e ingratidão, os curumins foram condenados a olhar todas as noites fixamente a terra, para ver o que aconteceu às suas mães. Seus olhos são as estrelas.
ORIGEM DOS CRISTAIS
(Adaptação da lenda “Origem das Estrelas”, efetuada por Passarinho-Torcida Desorganizada)
Os homens passam os dias trabalhando e auferindo recursos para custear suas despesas e lazer (como futebol). São os designados por eles, os seres exteriores (que vivem acima da superfície), que tecem as teias, necessárias ao sucesso de suas conquistas. Saem a ermo à busca de um porto seguro, mantendo contato com outras tribos, cujos pajés e morubixabas se arvoram de defensores do bem comum. Tais líderes, para se destacarem dos comuns e, talvez, para ocultar suas mazelas, vestem uniformes, ora de azul, ora de cáqui, ora de terno-e-gravata (estes se dividem entre um “poder específico” e um “poder público”). Traçam o destino a seu bel-prazer, privilegiando certas tribos, definindo certas ocaras como perfeitas ao exercício de suas atividades e outras como deficientes, mesmo que funcionem harmoniosamente estruturadas. Aí, os seres interiores (que vivem abaixo da superfície) surgem com a ousadia de contestar tais conceitos, conquistando vitórias que não fazem parte do contexto. Mas, ainda assim, os “superiores” insistem na submissão, alegando ter de ser “como queremos” e não “como deveria ser”. Os meninos do Goytacaz comeram antecipadamente os louros da vitória. Diante do pecado, cortaram relações com seus verdadeiros amigos e eternos amantes - seus torcedores – e passaram a fazer suas estripulias distantes dos seus olhos. Como o pecado cresceu demais, eles perderam o controle e se apavoraram; daí chamaram um sapo e lhe pediram que levasse a ponta de um cipó ao fundo de um poço, onde ficaram escondidos, após cortar a sua “escada”, impedindo que seus amigos pudessem reconduzi-los ao topo. Seus amantes se transformaram em feras. Como castigo, por sua maldade e ingratidão, os curumins foram condenados a olhar eternamente para o alto da terra, vendo o sucesso de seus adversários e a desgraça de seus torcedores. Seus olhos são os cristais.
A MALDIÇÃO DE SÍSIFO
(Resumo de textos da mitologia grega - A. Camus, W. A. Ribeiro Jr. e Wikipédia – realizado por Passarinho-Torcida Desorganizada)
Sísifo, fundador e primeiro rei de Corintos, era o mais astuto dos mortais, mestre da malícia e dos truques. Também foi um dos maiores ofensores dos deuses. Em troca de água, delatou o rapto, efetuado por Zeus, de Egina, filha de Ásopo, deus-rio. Irado por sua leviandade, Zeus mandou a Morte, Tânato, buscá-lo, que, enganada por Sísifo, elogiando sua beleza, consentiu que se colocasse um colar em seu pescoço, acorrentando-a, somente sendo libertada por Ares, deus da guerra, sob as ordens de Hades, o deus dos mortos, já que ninguém mais morria (prerrogativa divina). Sísifo consegue convencer Hades a deixá-lo retornar à terra, para punir sua mulher, Mérope, uma das plêiades, que foi por ele induzida a não enterrá-lo, condição que não o permitiria adentrar no mundo dos mortos. Retornando à vida, descumpriu o acordo e continuou a fazer das suas até a sua morte, por velhice, quando Hermes, deus da eloqüência, o reconduziu ao Inferno, onde lhe impuseram triste destino: “Empurrar um enorme rochedo colina acima, até o seu cimo, onde, por forças misteriosas, a pedra rolava de volta à planície. E Sísifo voltava à tentativa de levá-la até o cume.”
CONCLUSÃO
(Depoimento de Passarinho-Torcida Desorganizada)
A interpretação do eclético Helinho Coelho, professor de História, após ter sua residência, em Campos, surrupiada por amigos do alheio, sem, contudo, perder seu excelente humor, é sábia quando diz, mais ou menos assim: “Sísifo , enquanto realizava sua tarefa, passou a entender que o mundo dos mortais era mais belo e cativante que o dos deuses: do brilho e calidez do sol nos dias sombrios e tristes ao frescor da chuva quando nas solamas; da prateada beleza da noite enluarada à pálida singeleza da noite estrelada; do tépido ar das pedras quentes à lenitiva brisa do mar; da alvorada com o gorjeio dos pássaros e o viço das plantas (com a paz de suas sombras, o doce dos seus frutos e o aroma e colorido de suas flores) ao alvorecer com seus majestosos pores-do-sol. Inebriado por tais benesses, conformou-se com seus desígnios.”
Da mitologia aos tempos modernos, “O Trabalho de Sísifo” define qualquer atividade a ser executada com alto grau de dificuldade. Assim como o é o caminho do Goyta da volta à 1ª. Divisão.
Seus amantes, mais uma vez, no ano vindouro, estarão unidos, com forças sempre renovadas, para ajudar a empurrar a pedra ou tirá-la do caminho. Que os deuses, semideuses e mortais poderosos o permitam!
SEMPRE GOYTACAZ - O AMOR É LOUCO E SEUS DESVARIOS PERDOADOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário